A Defensoria Pública do Pará, por meio das diretorias Metropolitana e do Interior e em parceria com Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente (Naeca), realizou uma grande campanha de educação em direitos alusiva ao “Setembro Amarelo”, mês de prevenção ao suicídio no Brasil. A ação aconteceu em escolas públicas de 8 localidades na Região Metropolitana de Belém e no interior do estado, atendendo mais de 600 crianças e adolescentes.
“Eu aprendi que é bom a gente prevenir a nossa vida, fazer mais amizades e ajudar o próximo”, comentou a adolescente A. G., de 15 anos. Ela estuda na Escola Municipal de Ensino Fundamental Cívico-Militar Padre Pietro Gerosa, no bairro do Aurá, em Ananindeua. Na última sexta feira (27), a instituição recebeu a visita de uma equipe da DPE-PA, composta por defensoras, defensor, assistente social e psicólogo. Na pauta, a valorização da vida.
A. G. participou das atividades propostas pela DPE: uma roda de conversa conduzida pelas defensoras Ana Cláudia Cabral e Bianca Caribé, seguida de dinâmica guiada pelo psicólogo Lucas Pastana e pela assistente social Jaciana Freitas. A adolescente também aprendeu o que é a Defensoria: “Se a gente precisar de ajuda, a gente pode ir à Defensoria Pública, como foi retratado aqui”, disse.
A ação alusiva à campanha “Setembro Amarelo” aconteceu em escolas da rede pública de oito localidades paraenses. Na Região Metropolitana, Belém, Ananindeua e Icoaraci receberam as atividades. Castanhal, Breves, Marabá, Goianésia do Pará e Santarém realizaram a iniciativa no interior do estado. A coordenadora de Políticas Cíveis e da Infância e Juventude do Interior, defensora pública Ana Cláudia Cabral, destacou a centralidade da educação em direitos como um dos alicerces da Defensoria Pública.
“Estamos, hoje, promovendo essa conscientização, falando com jovens e adolescentes para promover essa educação em direitos na rede escolar. É mais uma ação da Defensoria Pública levando cidadania e promovendo educação em direitos para toda a população”, pontuou a defensora.
Ana Paula Vilar, uma das coordenadoras da Escola Municipal Padre Pietro Gerosa, destacou que ações como esta desenvolvem não apenas o sentimento de autocuidado nas crianças e adolescentes, mas também os ensinam a zelar uns pelos outros.
“[Esta ação] faz com que as crianças tenham essa consciência de preservação à vida, de também cuidar da vida dos outros. Ou seja, não só da dele, mas do outro, tendo empatia com o próximo. E elas levam isso também para o seio familiar, para dentro de casa”, comenta a coordenadora.
Crianças e adolescentes apresentam maior vulnerabilidade em questões de saúde mental
Em 2003, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro como o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio. No Brasil, a campanha “Setembro Amarelo” teve início em 2015, como forma de levar para o restante do mês o alerta e a conscientização proporcionados pelo dia.
Na Defensoria Pública do Pará, a data é parte da programação anual de atividades, segundo explica o coordenador do Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente (Naeca), defensor público Márcio Coelho.
“A programação do ‘Setembro Amarelo’ já faz parte do calendário anual do Naeca. Nós discutimos, nesse mês, a violência nas escolas, o bullying e a prevenção ao suicídio”, comenta o defensor.
Segundo pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores da Universidade de Harvard, a taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% por ano no Brasil entre 2011 e 2022. No mesmo período, as taxas de notificação por autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos aumentou 29% ao ano.
Segundo profissionais de saúde mental, inúmeros fatores de risco contribuem para que crianças e adolescentes sejam mais vulneráveis ao suicídio. Primeiramente, esta é uma faixa etária em que a pessoa ainda está em formação, sendo mais impactada por críticas, pressões e influências externas de modo geral. Além disso, o sentimento de exclusão social, o tabu que impede diálogos sobre o assunto, e práticas de bullying e violência estão entre os aspectos a serem considerados.
Serviço
Por meio do Núcleo de Atendimento Especializado da Criança e do Adolescente (Naeca), a Defensoria Pública do Pará atua na garantia dos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O Naeca está localizado na Travessa São Francisco, n° 427, bairro da Campina. Solicite atendimento pelos números (91) 98406-4053 ou (91) 97400-7725. O horário é de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h.
Sobre a Defensoria Pública do Pará
A Defensoria Pública é uma instituição constitucionalmente destinada a garantir assistência jurídica integral, gratuita, judicial e extrajudicial, aos legalmente necessitados, prestando-lhes a orientação e a defesa em todos os graus e instâncias, de modo coletivo ou individual, priorizando a conciliação e a promoção dos direitos humanos e cidadania.
Texto de Juliana Maués, sob supervisão de Carolina Lobo