Dulcedeia Tavares, 43 anos, é merendeira na Escola Tancredo Neves, no bairro da Marambaia. Ela foi contratada há pouco mais de um mês, após capacitação ofertada pelo Núcleo de Prevenção e Enfrentamento à Violência de Gênero (Nugen) da Defensoria Pública do Estado do Pará. Ela é assistida pela instituição desde fevereiro de 2023.
“Sofri violência doméstica e tentativa de homicídio, então eu busquei ajuda e foi na Defensoria Pública do Pará que fui acolhida e encaminhada para Delegacia Especializada de Violência Contra a Mulher (Deam). Depois, eu fui direcionada para o Grupo Reflexivo, em fevereiro deste ano, um lugar onde eu me senti segura, acolhida, e hoje em dia eu aprendi a me valorizar mais ainda e que ainda existem muitas pessoas para fazer o bem”, contou.
Dulcideia é uma das assistidas impactadas pelo Grupo Reflexivo de Mulheres, que há mais de dez anos atua a fim de recuperar a autoestima de mulheres em situação de violência de gênero e contribuir para a conquista da independência financeira. O projeto é uma extensão do Nugen que visa, além do atendimento jurídico e do acolhimento psicossocial, garantir que essas mulheres tenham a possibilidade de conquistar uma fonte de renda e assim evitar que elas retornem ao convívio com os agressores. A iniciativa oferta, em parceria com diversas empresas, oportunidade de capacitação e empreendedorismo.
“Tenho um filho de 13 anos e eu tenho que trabalhar, mas não estava conseguindo emprego e por isso estava vivendo com lutas e dificuldades. Quando surgiu essa oportunidade, eu agarrei com as duas mãos e não pretendo abrir mão dela. Para não deixar faltar alimento do meu filho e manter minha casa, eu aprendi que não dependia do meu agressor”, concluiu a assistida.
A psicóloga do Núcleo de Prevenção e Enfrentamento à Violência de Gênero, Mislene Lima, falou da importância de tornar mulheres vítimas de violência de gênero, independentes financeiramente, para que haja a ruptura do ciclo de agressões “Muitas mulheres se mantém no ciclo da violência doméstica por dependerem financeiramente de seus agressores. Nesse contexto, O novo emprego se torna uma grande oportunidade para essa mulher se sentir capaz de gerir sua própria vida, aumentar sua autoconfiança e trilhar novos projetos de vida”, pontuou a profissional.
Com objetivo de garantir autonomia financeira das mulheres assistidas, o grupo é uma das principais ferramentas para a ruptura do ciclo de violência e dependência financeira, razão pela qual o projeto incentiva a profissionalização. Dessa forma, a rede de assistência para o enfrentamento à violência doméstica na Defensoria do Pará é fortalecida com etapas que englobam os cuidados com saúde mental, qualificação profissional, educação, moradia e, por fim, empregabilidade.
“Autonomia financeira é um instrumento para a libertação das mulheres que vivem relações abusivas, prova disso são as diversas assistidas que hoje estão empregadas, graças aos encaminhamentos realizados pelo Nugen. Parcerias com empresas como a KCM serviços Ltda, Grupo Polaro entre outras, possibilitando um espaço no mercado de trabalho para estas mulheres”, destacou a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Enfrentamento à Violência de Gênero (Nugen), defensoria pública Larissa Machado.
A defensora ponderou ainda que “o grupo reflexivo tem sido a base para este trabalho, haja vista, que é através dele que essas assistidas recebem acolhimento, instrução, incentivo, coragem e fortalecimento emocional, com encaminhamentos para espaços de formação e qualificação profissional, bem como, são indicadas para as vagas de emprego”.
Serviços:
Núcleo de Prevenção e Enfrentamento à Violência de Gênero (Nugen)
Contato: (91) 99172-6296 / (91) 98586-1153 / (91) 8411-8009
Endereço: Travessa 1 de março, N° 766, bairro Campina.
Sobre a Defensoria Pública do Pará
A Defensoria Pública é uma instituição constitucionalmente destinada a garantir assistência jurídica integral, gratuita, judicial e extrajudicial, aos legalmente necessitados, prestando-lhes a orientação e a defesa em todos os graus e instâncias, de modo coletivo ou individual, priorizando a conciliação e a promoção dos direitos humanos e cidadania.
Texto: João Sergio Rodrigues.