A Defensoria Pública do Estado do Pará, por meio do Núcleo de Prevenção e Enfrentamento à Violência de Gênero (Nugen), realizou, no dia 19 de novembro, uma ação psicoeducativa e de educação em direitos sobre masculinidade saudável na Praça da República, em Belém. A iniciativa marcou o Dia do Homem e beneficiou 114 homens assistidos do grupo reflexivo Centro Educativo Eles por Elas e da população em geral.
No evento, os assistidos participaram da palestra “Novas masculinidades”, ministrada pela gerente do Centro Eles por Elas, psicóloga Rosana Faraon. Além do momento reflexivo, a programação contou com orientação jurídica, dinâmicas educativas no sentido de explicar a Lei Maria da Penha, roda de capoeira e depoimentos de assistidos do grupo reflexivo. A programação contou com a presença da subdefensora pública-geral, Mônica Belém, e a coordenadora do Nugen, defensora pública Larissa Machado
“O Dia do Homem é uma data muito pouco difundida, mas nem por isso menos importante. O trabalho do Nugen é no sentido de prevenção e promoção de educação em direitos, construindo masculinidades saudáveis, atuando na transformação de comportamentos e desconstruindo noções equivocadas sobre papéis sociais atribuídos ao gênero”, destaca a defensora pública Larissa Machado, coordenadora do Nugen.
Um dos assistidos que participaram da programação foi o motorista de aplicativo Pedro Lima, de 58 anos. Ele foi encaminhado ao grupo há cerca de um ano e reflete sobre as mudanças percebidas ao longo da participação nas reuniões do Centro Educativo Eles por Elas. O assistido relata que pretende continuar auxiliando no programa como voluntário, auxiliando outros homens na desconstrução da masculinidade tóxica.
“As mudanças começam na parte mental, no conhecimento que você adquire a partir do momento que você se dispõe a conviver com profissionais que vão poder te ajudar. Eu achava que estava vivendo de forma correta, desconhecia até mesmo que existe o ciúme patológico, que foi a área que eu errei. Com as reuniões, aprendi o que é, fui pesquisar, estudar e, hoje, minha mentalidade mudou. Hoje consigo viver bem e compreender os danos do ciúme. Quando você se liberta, pode liberar o outro também”, analisa o assistido.
A gerente do Centro Educativo Eles por Elas, a psicóloga Rosana Faraon, explica a importância da abordagem e do diálogo para a construção de masculinidade saudável no combate à violência de gênero.
“Normalmente o ser humano reproduz a cultura e as suas experiências de vida no seio familiar de forma automática, sem nunca parar para pensar se realmente sua conduta é adequada, se pode causar sofrimento ou se é saudável. A reflexão pode levar os homens a repensarem seus comportamentos, no impacto que pode causar nas mulheres, nos filhos e também em sua vida. A reflexão é um caminho de mudanças”, afirma.
O Eles Por Elas é uma iniciativa do Nugen dirigida a homens em situação de violência de gênero, que respondem a penas e medidas alternativas e/ou voluntárias. O objetivo é promover o acompanhamento psicossocial, visando a reflexão de atitudes violentas e a construção de novos modelos de masculinidades, pautados na equidade, respeito e dignidade em relação à mulher, como forma de impedir a reincidência criminal. Em mais de 10 anos de projeto e com quase 500 homens atendidos, a taxa de reincidência é de 0,44%.
A iniciativa contribui com a implementação do Artigo 35 da Lei Nº 11.340/2006, também conhecido como “da Lei Maria da Penha”, que prevê a criação de “centros de educação e de reabilitação para os agressores”.
Serviço:
Para participar dos encontros do Centro Educativo Eles por Elas de forma voluntária, o interessado deve procurar o Nugen/Homem, na Travessa Campos Sales, nº 280, bairro da Campina, de segunda à sexta-feira, das 8h às 14h. Agendamentos: (91) 3217 2364/ 98111 4806.
Sobre a Defensoria Pública do Pará
A Defensoria Pública é uma instituição constitucionalmente destinada a garantir assistência jurídica integral, gratuita, judicial e extrajudicial, aos legalmente necessitados, prestando-lhes a orientação e a defesa em todos os graus e instâncias, de modo coletivo ou individual, priorizando a conciliação e a promoção dos direitos humanos e cidadania.